Rio Gravataí e suas histórias serão tema de documentário
O jornalista Andrei Fialho, e o professor de história, Amon da Costa, estão produzindo um documentário que aborda a vivência no rio Gravataí. A intenção é relatar a vida e histórias das pessoas que de alguma forma interagem com o Rio que abastece mais de um milhão de gaúchos da região metropolitana. O filme – Gravataí, um rio em minha vida - deverá ser lançado no primeiro semestre de 2013.
A iniciativa dos autores surgiu de uma parceria em experiências audiovisuais, no qual os dois assumiram um desafio com uma pauta latente na região. A produção é independente e conta com auxílio de alguns voluntários à causa. Há dois meses a dupla vem pesquisando e fazendo pré-entrevistas para saber quais histórias e relatos serão destacados na produção.
Amon da Costa revela que o rio Gravataí foi isolado ao longo dos tempos das cidades de seu curso. “No meados dos anos 70, a construção da Free Way separou o rio das cidades e restringiu seus acessos. Apenas os bairros Parque dos Anjos, Passo das Canoas e Cavalhada oferecem aos moradores de Gravataí um canal de interação e acesso aos moradores de Gravataí”, destacou.
Para ele, este foi um fator que distanciou as pessoas de interagir com o Gravataí. “No início da produção fizemos algumas enquetes, no centro da cidade, para saber algumas opiniões referentes ao rio. Havia pessoas que não sabiam para que lado fica o rio, apontavam para variadas direções. Além disso, há um denominador comum em que o rio é muito poluído e que suas águas podem causar doenças de pele”, revelou.
O sentimento dos autores é de quê há uma grande parcela da população que não possui o menor esclarecimento sobre a realidade a qual o rio está passando. Por outro lado, há diversos estudos e análises técnicas sobre toda a Bacia do Gravataí, compreendida por seus banhados e afluentes, representadas por universidades e entidades civis.
Andrei Fialho destacou surpresa na quantidade de estudos e de soluções ambientais para a preservação do Rio, mas para ele há um distanciamento de linguagem entre os atuantes técnicos e a população em geral. “No início, ficamos com o dilema de escolher o tipo de narrativa que seria abordada. Percebemos que precisamos aproximar o rio das pessoas, e principalmente mostrar aos jovens que o rio é uma fonte de lazer e esportes como canoagem, e até surf, no qual pranchas são amarradas aos barcos e assim praticam o esporte”, apresentou.
Fialho defende que só com o conhecimento das alternativas oferecidas pelo rio é que ele será atrativo à população em geral. “O rio possui áreas de balneários, camping e pesca. E esse despertar é fundamental para a criação de vínculo e sentimento para rio. Só educar para a o uso consciente da água sem realmente conhecer a fonte, neste caso o rio, é pouco. O rio é um ser vivo que sofre as intempéries e acompanhar isso realmente é fundamental para consciência ambiental”, apontou.
O enfoque de um rio vivo será o norte do documentário, em que várias histórias e ações se cruzam diariamente em suas margens. Segundo Costa, a vivência dos ribeirinhos em muitos casos é uma filosofia de vida – o de viver em parceria do rio. O rio também exerce um papel religioso importante, pois serve de santuário para religiões afrodescentes, de batismo para evangélicos, além das festividades à Nossa Senhora dos Navegantes.
“Existem vários sentimentos em relação ao rio - o carinho e a preocupação de seus usuários; o medo e respeito – pela frequência de afogamentos e acidentes; a indiferença – o descaso e pouco cuidado; a revolta – pela má utilização da água pela agricultura, o que afeta a pesca e o tratamento da água potável. Esses são alguns elementos que transformam a narrativa da vida entorno do rio Gravataí ser singular e principalmente humana. Este é o nosso foco para este documentário. Há alguns dados técnicos que terão que ilustrar a produção, mas o real objetivo é apresentar à toda população a origem da água que sai na torneira de sua casa, ao abrir uma torneira é uma extensão do rio, o banho, o chimarrão, o suco, o gelo, a água da comida, em tudo o rio Gravataí está presente, e em muitos casos somos formados por 70% dele”, exaltou Costa.
Trailler de documentário sobre o rio Gravataí já está disponível no Youtube
Após quatro meses de produção, o jornalista Andrei Fialho e o historiador Amon da Costa, lançam o trailler do documentário Gravataí, um rio em minha vida.
A dupla optou por disponibilizar o comercial na web, para facilitar a divulgação da obra audiovisual nas redes sociais. O documentário irá narrar histórias das pessoas que possuem suas vidas ligadas ao rio Gravataí, bem como irá traçar um panorama da realidade do rio.